O cinema, assim como nós também ama os animais e encontra formas de homenagear eles. Das mais alegres e divertidas como Marley e Eu até as mais tristes que arrancam lágrimas e soluços até de gente grande.
O filme Sempre ao Seu Lado (Hachi: A Dog ‘s Tale), de 2009 com certeza é um dos mais marcantes de todos, e quem assistiu não conseguiu chegar ao final sem soltar uma lágrima.
No entanto, o que muitos não sabem é a origem da história contada no filme. Por mais triste que possa parecer, a tocante história foi baseada em um evento real, que você vai conhecer agora.
Hachiko, o cão
A raça Akita Inu é comum no Japão, principalmente na região norte e montanhosa. E foi por esse motivo que o professor Hidesaburō Ueno o adotou no ano de 1924. Nascido em novembro de 1923, na província de Akita, em Ōdate, o cão foi levado a Tokyo para viver com seu dono.
Sendo quase como um ritual entre os dois, o cão era visto todos os dias na estação de Shibuya esperando seu dono retornar do trabalho para seguirem juntos para a casa. O cão, além de leal, era pontual e estava sempre na mesma hora esperando seu seu dono.
Quem conhecia o professor e a dupla, sabia que os veria juntos andando para a casa todo dia no mesmo horário, assim como também saíam todo o dia juntos, para que Hachiko o deixasse na estação, que era bem próxima a casa dos dois.
A morte do dono
Foi no dia 21 de maio de 1925 que esse ritual mudou, quando seu dono sofreu um acidente vascular cerebral durante o serviço e acabou falecendo. No entanto, o cão não conseguia lidar com essa situação.
Algumas pessoas contam que durante o velório o cão invadiu a sala, saindo do jardim e quebrando a porta de vidro, para ficar perto de onde o corpo do dono estava. Muitas histórias rondam o acontecimento, mas não se tem conhecimento se todas são reais.
Outra das histórias diz que na hora de fechar o caixão, o cão pulou junto e se recusou a sair do lado dele. Porém, não há comprovação de que isso de fato aconteceu, mas ainda sim o cão não queria se separar de seu dono.
O começo da espera
Após a morte do professor, o cão foi enviado para morar com seus parentes, e até mesmo com o ex – jardineiro do homem. Como a família morava em Asakusa, o cão fugiu mais de uma vez para retornar a antiga casa que morava com seu dono.
Mesmo com o jardineiro, que conhecia desde filhote, ele se recusou a ficar e retornou à antiga casa por diversas vezes. Ao perceber que o dono não voltaria aquela casa, ele começou a esperar na estação.
Todos os dias, no horário do desembarque, ele era visto lá procurando seu querido dono em meio a multidão. Ele só saía de seu “posto” em caso de fome, e algumas vezes, mesmo assim, não parava de buscar por ele.
Foi então que, anos começaram a passar e os frequentadores acabaram se comovendo. Com isso, passaram a alimentar o cão por lá, tornando a estação a casa dele. O cão esperou, ao todo, por 9 anos e 10 meses o retorno do seu dono.
A lenda de Hachiko
Hachiko morreu em uma rua próxima a estação, e com matérias prévias já publicadas sobre sua história, a notícia de sua morte virou capa do jornal naquele mesmo dia. Até mesmo foi declarado um dia de luto em virtude da morte do cão.
No dia 8 de março de 1935 acabou a espera do cão, que não desistiu de ver seu dono novamente mesmo depois de tanto tempo. Apenas em 2011 foi possível que cientistas confirmaram a causa da morte do animal.
Foi constatado que o cão tinha câncer terminal e infecção por filariose, que levaram sua saúde a ficar debilitada.
Seus restos mortais foram cremados e colocados em uma urna ao lado das de seu dono, enquanto seu pelo foi preservado e empalhado, e atualmente está em exposição no Museu Nacional de Ciência do Japão, em Ueno, Tóquio.
Homenagens ao cão
Hachiko foi tão importante que um ano antes de sua morte, em abril de 1934, a estação onde ele esperava seu dono fez uma estátua em homenagem ao cão. O escultor Tern Ando fez uma réplica em Bronze, que foi inaugurada com a presença do neto do professor, e com grande festa.
No entanto, a mesma foi derretida pouco antes da Segunda Guerra Mundial, mas ela foi replicada em 1948, pelo filho do escultor original. O local onde ela está atualmente se tornou um ponto turístico, e é conhecida como “Entrada/Saída Hachiko”.
Até os dias de hoje, todo dia 8 de março é feita uma cerimônia em homenagem a história do cão. A raça, que já possuía fama por sua lealdade, ganhou ainda mais reconhecimento com a história de Hachiko.
Para sempre lembrado
Se você conhecia o filme, mas não sabia que era baseado em uma história real, com certeza sentiu ainda mais emoção ao saber de todos os acontecimentos. Não apenas o filme, a estátua ou poemas, mas diversas homenagens foram feitas a Hachiko.
Apesar de seus últimos anos e toda sua vida terem sido dedicados à memória do homem que o adotou e o amou profundamente, o cão para sempre será lembrado por todos, da mesma forma que nunca esqueceu seu dono.
Em 2015 uma nova estátua foi inaugurada representando o encontro dos dois que nunca aconteceu. Os recursos para a construção foram através de doações de várias pessoas, graças aos alunos da Faculdade de Agricultura da Universidade de Tóquio.